domingo, 29 de maio de 2011

Vamos um pouco mais a fundo no canto coral? Vamos???

Ainda que afeito à música, o canto coral vai além das questões musicais e converte-se numa atividade que envolve a sociologia, a psicologia, a antropologia, a fonoaudiologia e outras ciências afins.
Ninguém pode afirmar com exatidão quando o canto coral teve início.
O que se tem são registros que nos fazem supor a sua antiguidade. Um dos mais antigos se encontra na Caverna de Cogul na Espanha, datando do período neolítico. Essa imagem nos faz crer que existia canto e dança coletivos já na pré-história e ainda que de maneira muito rudimentar o canto coral estava presente. Os primeiros coros aparecem na Europa por volta do ano 1000 nos mosteiros e comunidades religiosas, numa herança do culto judaico, acredita-se porém, que no Séc. I os cristãos em Roma já cantavam em coro. Na Grécia Antiga se faz referência a um coro, ligado ao teatro grego.
Com o desenvolvimento da linguagem musical, no século X, se tem registro em escrita neumática que sugere o canto coletivo. No séc XII surgem os primeiros registros específicos de música feita para coro. Na atualidade o canto coral é amplamente difundido e é praticado em universidades, escolas, igrejas, associações, clubes e empresas, além de grupos independentes que realizam um trabalho de grande aceitação.
A maioria dos grupos de canto coral (cerca de 90% no mundo todo em 1980)[1] se diz amador, em contraposição aos grupos profissionais, que são aqueles em que os cantores são contratados e tem o canto coral como trabalho.
Nesta perspectiva, o canto coral pode ser considerado segundo a sua natureza profissional ou amadora, sem juízo de valor qualitativo.
Os coros profissionais são mantidos por instituições públicas, governos e grandes teatros. Na Letônia empresas privadas contratam cantores para atuar em seus coros, e apresentam repertório erudito (acadêmico) e folclórico.
Os coros amadores, longe de serem técnicamente inferiores aos profissionais, são mantidos por universidades, escolas, particulares, músicos, fundações e empresas.

Tipologia

Sem levar em consideração a qualidade do coro pode-se fracionar o canto coral nos seguintes tipos:[2]
  • coros profissionais oficiais
Normalmente ligados a uma instituição pública da área da cultura. Secretarias de cultura, fundações e etc. apresentam repertórios clássicos e os cantores são músicos. Regente, preparadores vocais, cantores e músicos co-repetidores são remunerados. No mundo todo é rara a incidencia deste tipo de grupo.
  • coros oficiais
São grupos de canto coral amadores, apenas o regente e músico acompanhante são remunerados, os cantores são voluntários, não obstante serem músicos. Apresentam repertório de alta qualidade.
  • coros universitários
Grupos formados em universidades e faculdades. A maioria desses grupos não é ligada ao departamento de música da referida universidade, são ligados às pró-reitorias de extensão e abertos à comunidade. O regente é um professor da instituição e os cantores são pessoas da comunidade. Os coros universitários apresentam repertório de alta qualidade e costumam sagrarem-se campeões em concursos internacionais. É um dos tipos mais antigos de coro.
  • coros de igreja
O mais antigo tipo de coro, os coros de igreja são formados por religiosos músicos, o canto coral se desenvolveu nas atividades dos coros de igreja. Apresentam repertório sacro e religioso de altíssima qualidade e excelência musical. Giovanni Pierluigi da Palestrina e Johann Sebastian Bach escreveram para este tipo de coro.
  • coros de empresa
São corais formados por funcionários e colaboradores dos mais diversos tipos de empresa. As empresas investem na qualidade de vida de seus funcionários e obtem resultados artísticos. Nos EUA e na Europa existem ótimos coros de empresa que realizam repertório de música popular e folclórica. É nesse tipo de grupo que os regentes obtém maior remuneração.
  • coros etários
Notadamente os coros infantis e os coros de 3ª idade. É o tipo de coro onde os cantores são escolhidos pela faixa etária e funcionam como uma atividade social que sobrepuja as questões musicais. Os regentes são contratados por instituções que mantém projetos nessa área e os cantores, normalmente, pagam para participar do grupo. Desde 1990 há um crescente aumento da participação deste tipo de grupo em festivais e encontros.
  • coros de gênero
São os coros onde os cantores são selecionados por seu gênero, masculinos ou femininos. Muito repertório para esse tipo de coro foi produzido. Os coros femininos e masculinos normalmente cantam a três vozes (SMA ou TBBx) e apresentam repertório de excelência musical.
  • meninos cantores
Tipo de grupo praticamente extinto, formado por meninos e homens, normalmente ligado a igreja católica. Os meninos cantavam a parte de soprano e alto e os homens as partes de tenor e baixo, muito repertório de qualidade foi produzido para esse tipo de coro. Atualmente a Capela Sistina, do Vaticano é um dos últimos remanescentes desse tipo de formação.
  • coros étnicos
Os grupos se reúnem em torno da questão étnica. Normalmente executam repertório de música folclórica de boa qualidade. Alguns grupos étnicos da África produzem repertório de excelência musical e realizam turnês internacionais. Na maioria dos casos os regentes são remunerados e os cantores colaboram na manutenção do grupo.
  • coros com fins terapêuticos e sociais
Recentemente (a partir de 1990) apareceram em festivais e encontros de corais grupos que se reúnem para utilizar o canto coral com fins terapêuticos, como na musicoterapia, também tem se apresentado grupos ligados a instituições sociais voltadas a jovens e adolescentes em situação de risco. Nesses grupos os regentes são contratados e assumem outros papéis.
  • coros independentes
Os coros independentes são aqueles que se mantém por si próprios. Os grupos independentes normalmente apresentam repertório de alta qualidade e de todos os estilos. O grupo se mantém pela participação de cantores, regentes e comunidade. Um bom número de coros independentes se organiza no sentido de ONGs.

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