Samba urbano no fim do século XX
Pagode dos anos 1990
No final da década de 1980, o pagode enchia salões e, no início dos anos noventa. A indústria fonográfica, já amplamente orientada para a globalização pop, usurpou o termo pagode, batizando com ele uma forma diferente de fazer samba que guardava poucos elementos com o samba inovador da década anterior, massificando-o de forma enganosa. Essa diluição partia majoritariamente da cidade de São Paulo, o que engendrou o rótulo equivocado de "pagode paulista".[13] E seus principais arautos foram os músicos de um grupo que, inclusive, segundo as edições em partitura de seus primeiros lançamentos, pretendia estar fazendo o que se chamava de "samba-rock", mas na verdade eram mais uma variação mais pop do samba-rock.[25] Assim, as grandes gravadoras criaram um novo tipo de pagode, que muitos chamariam de "pagode-romântico", "pagode comercial", ou simplesmente tachado de "pagode".Vertente mais distanciada do pagode "de raiz" do final dos anos setenta, esse pagode "romântico" se tornaria um fenômeno comercial, com o lançamento de dezenas de artistas e grupos paulistas, mineiro e carioca, entre os quais,Katinguelê,Art Popular, Exaltasamba, Harmonia do Samba, Irradia Samba e Kaô do Samba, Só Pra Contrariar, Os Travessos, entre outros. Sua massificação nas emissoras de rádios e TVs ajudou a melhorar a arrecadação de direitos autorais e fez com que as músicas norte-americanas ficassem em segundo lugar em arrecadação durante aquela década, algo inédita no Brasil. Apesar disso, este tipo de pagode desagrada grande parte da crítica musical, que questiona especialmente a qualidade das músicas.[1] Ainda nos anos noventa, apareceram mais duas fusões de samba com outros gêneros musicais. O primeiro deles foi o samba-rap, criado nas favelas e presídios paulistanos e cariocas. O outro foi o samba-reggae, este surgido a partir de manifestação de grupos baianos, cariocas e paulistas em modificar o pagode tradicional e o transformar em um samba suingado.
Suingueira
Em meados dos anos noventa surgiu no Estado da Bahia o que se chamava "Samba da Bahia", que mais tarde ficou conhecido como Suingueira. Este estilo é caracterizado como uma mistura de Pagode e rítmos regionais da Bahia, principalmente com os tocados durante o carnaval e o que se intitula, popularmente, como Axé Music. Este tipo de música ficou famosa pela intensa vendagem de discos de grupos como É o Tchan, Harmonia do Samba, Patrulha do Samba, Psirico e muitos outros que se destacara na cena musical baiana.Samba no século XXI
A partir do ano 2000, surgiram alguns artistas que buscavam se reaproximar do samba mais vinculado à estilo consolidado nos morros cariocas, muitas vezes chamado "samba de raiz". Foram os casos de Marquinhos de Oswaldo Cruz, Teresa Cristina e Grupo Semente, entre outros, que contribuíram para a reabilitação da região da Lapa, no Rio de Janeiro. Outros nomes surgiram nesse tradicional reduto do samba, como o compositor Edu Krieger, que foi gravado por nomes como Roberta Sá e Maria Rita, a cantora Manu Santos, novata revelada no festival mais importante da Lapa nos dias atuais, a Mostra de Talentos do Carioca da Gema - que também trouxe nomes como Eliza Ador, Roberta Espinosa, Moyseis Marques entre vários outros. Em São Paulo, o grupo Quinteto em Branco e Preto desenvolve o evento (no bairro de Santo Amaro) "Samba da Vela" - no qual seus participantes só cantam sambas inéditos de compositores desconhecidos da indústria musical.[26][27] Isso tudo contribuiu para atrair vários artistas do Rio de Janeiro que, além de shows, fixaram residência em bairros da capital, como São Mateus.[1] Já grupos como o Funk Como Le Gusta e Clube do Balanço deram continuidade aos bailes inspirados na época do sambalanço e do samba-rock.Em 2004, o então ministro da cultura Gilberto Gil apresentou à Unesco o pedido de tombamento do samba como Patrimônio Cultural da Humanidade, na categoria "Bem Imaterial", através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.[28][29] A data foi criada por iniciativa de um vereador de Salvador, Luis Monteiro da Costa, em homenagem a Ary Barroso, que havia composto "Na Baixa do Sapateiro" embora sem ter conhecido a Bahia. Assim, 2 de dezembro marcou a primeira visita de Ary Barroso a Salvador. Inicialmente, o Dia do Samba era comemorado apenas em Salvador, mas acabou transformado em data nacional.[30][31]
No ano seguinte, o samba-de-roda do Recôncavo Baiano foi proclamado "Patrimônio da Humanidade" pela Unesco, na categoria de "Expressões orais e imateriais".[5][6] Em 2007, o IPHAN conferiu registro oficial, no Livro de Registro das Formas de Expressão, às matrizes do samba do Rio de Janeiro: samba de terreiro, partido-alto e samba-enredo.[28][29]
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