Um músico no acompanhamento pode ocasionalmente rearmonizar uma progressão de acordes para sustentar o interesse, introduzir um contraste, ou criar tensão. Isso envolve substituir alguns dos acordes grafados ou esperados por outros acordes. Uma substituição, como a substituição pelo trítono, é um tipo de rearmonização.
Alguns músicos passam muito tempo tentando diferentes rearmonizações ao trabalhar numa música. Entretanto, a menos que digam de antemão ao solista o que vão fazer, muitas das rearmonizações que eles podem oferecer não são práticas para uso num acompanhamento, já que o solista vai estar tocando a partir de um conjunto diferente de mudanças de acordes. Há algumas rearmonizações simples que podem ser usadas sem perturbar muito o solista. A substituição pelo trítono é um exemplo; toda vez que um acorde de sétima da dominante é pedido, o músico de acompanhamento pode substituí-lo pelo acorde de sétima da dominante a um trítono de distância. Isso cria exatamente o mesmo tipo de tensão que é criada quando o solista faz ele mesmo essa substituição. Uma outra rearmonização simples é mudar a qualidade do acorde. Ou seja, tocar um D7alt no lugar de um Dm, e assim por diante.
Outra rearmonização comum é substituir um acorde da dominante por uma progressão ii-V. Isso já foi demonstrado quando discutimos a progressão de blues; uma das progressões substituiu o acorde F7 no compasso 4 por um Cm7 - F7. Isso é especialmente comum no fim de uma frase, levando à tônica no começo da próxima frase. A maioria das opções de escala que os solistas possam estar usando sobre um acorde F7 também funcionarão sobre o acorde Cm7, por isso essa rearmonização geralmente não cria muita tensão. Essa técnica pode ser combinada com a substituição pelo trítono para criar uma rearmonização mais complexa. Em vez de substituir o V por um ii-V, primeiro substitua o V pelo acorde a um trítono, e aí sim substitua esse acorde por um ii-V. Por exemplo, no compasso 4 do blues em Fá, primeiro troque o F7 pelo B7, e então troque isso por F#m7 - B7.
Outro tipo de rearmonização envolve o uso de alternação. Em vez de tocar vários compassos de um dado acorde, o músico no acompanhamento pode alternar entre ele e o acorde meio tom acima ou abaixo, ou um acorde da dominante uma quinta abaixo. Por exemplo, num acorde G7, você pode alternar entre G7 e Ab7, ou entre G7 e F#7, ou entre G7 e D7. Isso é especialmente comum nos estilos baseados no rock, em que a alternação é executada ritmicamente. Se a alternação é executada regularmente, como por exemplo no decorrer de um chorus inteiro, ou mesmo a música inteira, o solista precisa ser capaz de captar isso e controlar a quantidade de tensão produzida, tocando junto com a rearmonização ou tocando contra ela. Ou seja, o solista pode reduzir a tensão trocando escalas à medida que você troca de acordes, ou aumentar a tensão mantendo a escala original.
A rearmonização é uma das coisas mais legais que se pode fazer com música. Basicamente consiste em substiuir acordes de uma música criando uma forma diferente de tocar. Sabe aquela música que você toca a um tempão e não suporta mais tocar do mesmo jeito? Rearmonização nela!
Então Vamos lá...
Vamos raciocinar no tom de Sol Maior. Os acordes que pertencem a esse tom são:
G Am Bm C D Em F#m(5b)
O truque é o seguinte: Cada acorde que pertence ao tom tem uma função na harmonia da música e é daí que vem o nome Harmonia Funcional (que mete medo num monte de gente).
As funções podem ser 3: Tônico, Subdominante e Dominante.
Cada acorde está enquadrado em uma dessas funções. No caso do tom de Sol Maior, vai ficar assim:
- Tônico: G, Bm, Em (acordes I, III e VI)
- Subdominante: Am, C (acordes II e IV)
- Dominante: D, F#m(5b) (acordes V e VII)
Toda música tende a seguir a seguinte cadência nos acordes:
Tônico -> Subdominante -> Dominante -> Tônico
Isso quer dizer que quase todas as músicas que você toca tendem a começar num acorde tônico, passar por acordes subdominantes, passar por dominantes e terminar em um acorde tônico.
Um exemplo prático? O primeiro verso da música "Nosso Deus é Soberano" que todo mundo conhece.
.......G.........Bm.....
Nosso Deus é Soberano
......C....Am........................D
Ele reina antes da fundação do mundo.
Os acordes G e Bm são Tônicos, passando por C e Am que são Subdominantes, indo para D que é Dominante, para depois voltar no G que é Tônico.
Analise as músicas que você toca é observe isso. Acostume-se a analisar as harmonias das músicas pois isso vai te facilitar bastante, principalmente na rearmonização que é onde queremos chegar.
Sendo assim, a forma mais simples de rearmonizar é substituir ou acrescentar acordes que são da mesma função harmônica do acorde original.
Vamos brincar um pouco com a canção acima? Tente tocar assim:
.......G...Bm............Em
Nosso Deus é Soberano
......Am....C........................D........F#m(5b)
Ele reina antes da fundação do mundo.
Olhe o que eu fiz: Adiantei o tempo do Bm para colocar um Em no lugar que ele estava antes. "Em" pertence à mesma função do G e Bm (Tônico), por isso pude acrescentá-lo.
Depois, inverti a ordem do Am e do C. Posso fazer isso porque os dois têm a mesma função (Subdominante). Ao final, sem alterar o tempo o D, coloquei um F#m(5b) para entrar antes do próximo G.
Percebe o que é a rearmonização? Apenas acrescentando alguns acordes já deu uma movimentada na música. As possibilidades são infinitas. Experimente, por exemplo, só substituir ou suprimir alguns acordes, talvez tocando assim:
.......Em.........Bm.....
Nosso Deus é Soberano
......Am..............................D
Ele reina antes da fundação do mundo.
Desse jeito a música fica um pouco diferente e minimalista. Experimente outras substituições e observe o resultado.
Tudo entendido até aqui?
vamos ver uma dessas loucuras???
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